segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Santos, Mátire e Heróis

Leia o que Jornalista Hélio Schwartsman da folha, fala sobre esse assunto...



O comportamento é disseminado e atinge indistintamente fiéis e guerrilheiros, filósofos e soldados. Estou falando da disposição de morrer por uma ideia. Praticamente todas as religiões têm seus mártires, que foram assassinados por defender sua fé. Não é apenas a confiança numa outra --e melhor-- vida que move os candidatos a santo. O fenômeno, afinal, ocorre também em esferas mais seculares, como exércitos, e mesmo ateias, como movimentos revolucionários de esquerda. Até a ciência cultiva seus heróis. De minha parte, acho que não há nada mais estúpido do que morrer por uma ideia, seja ela religiosa ou laica, mas avancemos com um pouco mais de calma.
Ainda bem que ninguém mais lê vidas de santos. Se querem entupir o Monteiro Lobato de notas por ter empregado linguagem racista, que cautelas não teríamos de adotar antes de permitir que crianças lessem, por exemplo, a história de santo Eustáquio, que, segundo reza a lenda, preferiu ser cozinhado vivo junto com sua mulher e filhos a oferecer sacrifício a deuses pagãos. Será que um alerta do tipo "não tente fazer isso em casa" bastaria?
O ponto central é que as vidas de santo, as histórias de martírio e gestos de heroísmo são repetidos aos quatro cantos justamente porque alguém vê neles um valor a ser imitado. Aqui, a nota acabaria com o propósito mesmo do relato hagiográfico. OK. Admitamos que deixar-se cozinhar num caldeirão é um caso extremo, que ninguém em sã consciência defenderia nos dias de hoje. Será?
Mesmo reconhecendo que existem níveis de dor que dobram qualquer um, olhamos com desconfiança para o ex-guerrilheiro que, sob tortura, teria dado com a língua nos dentes. A própria Constituição do pacífico Brasil prevê a pena de morte em caso de guerra, ou seja, para aqueles que, orientando-se no mais justificável bom senso, se recusarem a lutar (a maior parte das guerras ocorre por motivos bem imbecis, é bom lembrar).
De todo o panteão de santos e heróis, fico com Galileu Galilei, que, muito sensatamente, não teria hesitado antes de abjurar a teoria heliocêntrica para poder continuar vivendo.
Cuidado. Não estou aqui afirmando que é uma tolice cultivar alguns princípios e defender ideais. Só o que digo é que existe um limite máximo até onde levar a luta: a vida. Não sou apenas eu que penso assim. Trago em meu socorro Charles Darwin, cuja teoria mundialmente famosa preconiza que devemos sobreviver a quase qualquer custo e fazer muito sexo. Se, em determinadas circunstâncias, ainda faz sentido que nos sacrifiquemos para salvar um ou mais parentes (idealmente, dois irmãos ou oito primos), fazê-lo em favor de uma abstração é um beco sem saída evolutivo. Prova-o o fato de ninguém até hoje viu nenhum animal além do homem defendendo uma ideia até a morte.
E, se estamos diante de um comportamento exclusivamente humano, bem disseminado (quase um universal) e que aparentemente não faz muito sentido biológico, trata-se de algo que vale a pena investigar melhor.
A primeira pergunta a se fazer é: para que diabos a vocação para mártir serve? Temos aqui duas possibilidades, ou bem ela é uma adaptação humana obtida por seleção natural ou é apenas um efeito colateral resultante da forma como nossos cérebros estão montados. Seria relativamente fácil demonstrar que o altruísmo radical, embora faça mal ao indivíduo que o comete, serve aos propósitos do grupo em que ele vive. O incentivo ao heroísmo, afinal, tende a produzir soldados mais valentes e sociedades mais coesas, como se vê nos movimentos nacionalistas. A seleção aqui não ocorreria no nível do indivíduo (ou dos genes, como quer Richard Dawkins), mas do grupo.
E aqui nós entramos num dos terrenos mais pantanosos do neodarwinismo. Os biólogos mais puristas, se não rejeitam, consideram a seleção de grupo extremamente complicada. O problema básico é que ela não é lá muito estável. Para começar, o sujeito que se sacrifica tem maiores chances de não deixar descendentes, extinguindo junto consigo os genes responsáveis pela propensão a colaborar. Para secundar, sempre valeria a pena para indivíduos egoístas pegar uma carona na coesão grupal sem dar sua justa contribuição. Eles teriam maior sucesso reprodutivo, espalhando genes egoístas. Seria assim muito difícil fixar num 'pool' genético qualquer as características que favorecem o grupo.
Parece mais promissor imaginar a vocação para mártir como um subproduto de outras funções cerebrais. Uma analogia válida é o uso recreativo de drogas como maconha e álcool. Ninguém --espero-- vai sugerir que a capacidade de sentir barato e ficar bêbado representam uma adaptação humana. O efeito que drogas têm sobre nós é mais bem descrito como um acidente: são substâncias que exploram, de forma por vezes parasítica, os centros de prazer e recompensa do cérebro, cujas finalidades primordiais são o aprendizado e a fixação de hábitos que satisfaçam necessidades vitais, como engordar e fazer sexo.
Quais seriam as estruturas cognitivas que o martirismo explora? Aqui não podemos fazer muito mais do que especular. Uma possibilidade é que ele funcione de forma parecida com a elaboração do luto. Originalmente, serviria mais para tentar dar um sentido à morte de entes queridos que tombaram em conflitos do que para convencer os sobreviventes a meter-se no mesmo caminho. Seria uma forma meio esquisita de aplacar nossa ânsia por transcendências. O instinto de preservação, que costuma ser forte, já funcionaria como um freio a interpretações excessivamente literais do autossacrifício.
Num momento posterior, religiões, Estados e dirigentes de células revolucionárias descobriram o poder que a vocação para o heroísmo exerce sobre alguns indivíduos e decidiram explorá-la em favor dessas organizações. Vale lembrar que aqui nós já não estamos mais falando de seleção de grupo no sentido clássico, pois, ao contrário de um clã de caçadores perdido na floresta, uma igreja ou um país não dependem mais da fixação de um 'pool' de genes para sobreviver. Essas superestruturas, ou memes, para utilizar o vocabulário neodarwinista, desde que tomem o cuidado de não esgotar rapidamente os recursos humanos à sua disposição, podem perfeitamente explorar indivíduos.
A crer nessa chave hermenêutica, religião, ideologia, nacionalismo e cerca de 3/4 da literatura têm um substrato comum, que se aproveita da inclinação natural de nossas mentes por histórias de heroísmo. Como ocorre com as drogas, o fenômeno é legítimo até o ponto em que nos proporciona prazer e preenche alguns vazios existenciais. Deixa de sê-lo quando passa a nos impor ônus despropositados. Se há um verdadeiro crime contra a natureza, ele não está em formais mais imaginativas de fazer sexo, mas em exigir que alguém dê a própria vida por uma ideia abstrata --e, em geral, carente de comprovação.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Rota da vitória

ROTA DA VITÓRIA

A vida cristã, pode ser vista de várias maneiras .

!-. NATURAL.. Pseudo Cristianismo
Cara de Crente,Jeito de crente, sepulcro caiado,perto da alma,
longe do Espirito.
2-.Antropocêntrico.. O Homem que é , ele manda.determina,fala, dita.
o homem é o centro das atenções.
3-.Complascente... Sem valores absolutos .sem base.
mais ou menos ,morna, sem novo nascimento.
4-.Vazia................. Não há alegria, paz e vontade

MANEIRA IDEAL DE SERVIR A DEUS.
1-.Manjedoura........ Lc.2:12 - Isto será por sinal.. Menino na Majedoura..
Humildade,simplicidade, singeleza.
Lembrar de quem vc era, berço, inicio.

2-.Carpintaria......... Mt.13:55...Não é este o filho do carpinteiro ?
Oficina de Deus onde tomamos forma.
Transforma matéria bruta em jóias preciosas
Onde somos tratados (Razões, pensamentos e atitudes )
Fala de estrutura,quem não passa fica defeituoso.


3-.Deserto Lc.4:1....... Jesus cheio do Esp.Santo foi levado para o deserto.
Perdemos o senso de direção.
Serpentes e escorpiões
Onde se tem sede,Vê o poço mas não consegue tirar água.

NÃO USE ATALHOS ,SIGA A ROTA DA SUA VITÓRIA







Pr Rudimar Braga

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Receita para uma igreja bem sucedida

Receita para uma igreja bem sucedida
Ricardo Gondim

Gabriel Andrada é jovem, seminarista, recém casado, e cheio de ideais. Evangélico desde o berço, diz que só se converteu de fato com 17 anos em um acampamento de carnaval. Desde a experiência de conversão, que o levou às lágrimas, participa de eventos evangelísticos de sua igreja. Agora se sente vocacionado para ser pastor. Ávido por ser “usado” por Deus, Gabriel matriculou-se em um pequeno instituto bíblico.

Gabriel me conheceu na internet e escreveu pedindo ajuda. Precisa que eu lhe ensine o “caminho das pedras” para começar uma igreja do zero. Pensei, pensei!  Sem conhecê-lo, sem saber exatamente aonde o noviço quer chegar, resolvi correr o risco de responder. Disse que para uma igreja ser bem sucedida no Brasil são necessários a combinação de pelo menos dois, de quatro ingredientes.

1) Um pastor carismático. Que tenha traquejo para falar em público com desenvoltura. Que cante afinado, ou que pelo menos comece os hinos no tom certo. Que tenha boa memória para decorar versículos e saiba citá-los sem tomar fôlego. Que seja simpático e bem humorado no trato pessoal.

2) Um bom prédio em uma boa localização. Que a igreja seja em um lugar de fácil acesso. Que tenha bom estacionamento. Que seja confortável, preferivelmente com cadeiras acolchoadas, climatizado com ar condicionado. Que os banheiros limpos não cheirem a creolina.

3) Acesso à mídia. Que a nova igreja tenha programa de rádio ou de televisão. Mas que a programação ressalte as qualidades especiais do líder como o apóstolo escolhido de Deus para os últimos dias. Que repita sem parar que a igreja é especial, diferente de todas as outras. É bom que o locutor fale em línguas estranhas (glossolalia) e profetize sobre detalhes da vida dos crentes. Que crie uma aura de “poder” pentecostal e curiosidade nas pessoas de comparecerem aos cultos.

4) Teologia da Prosperidade. Que o pastor não tenha escrúpulo de prometer milagre à granel. Que a maior parte do culto seja gasto colhendo testemunhos de gente que enricou com as campanhas dos sete dias, com os jejuns da conquista, com as rosas santas, com os cultos dos Gideões, com as maratonas de oração. Quanto mais relatos, melhor.

Ressalto. Gabriel não precisa se valer de todos os pontos para se tornar o novo fenômeno gospel brasileiro. Entretanto, sem o quarto ingrediente, ele não vai a lugar nenhum. Basta que combine qualquer um com o último e seguramente se tornará um forte concorrente nos disputadíssimo mercado gospel.
Entretanto, como vai concorrer com expoentes bem consolidados, terá que trabalhar muito. Talvez precise fazer o programa de rádio ou de televisão na madrugada.  No começo, para pagar o horário, terá que fazer merchandise de Ginka Biloba. Gabriel não deve ter receio de oferecer, por uma pequena oferta, lenço ungido, óleo sagrado ou água do rio Jordão. Se necessário, pode até vender cadernos escolares com a capa espiritual; tipo, um rapaz surfando e uma frase ao lado: “Cristo é ‘sur-ficiente’ para mim”.
Não sei se Gabriel entenderá a minha ironia. Caso leve os meus conselhos a sério, logo teremos uma nova igreja de nome bizarro. Contudo, quando estiver nos píncaros da glória, todos saberão que a trajetória de Gabriel Andrada não foi tão espiritual quanto se poderia supor. “Há algo de podre no reino da Dinamarca” – Shakespeare.
Soli Deo Gloria.